quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

(R)evolução



















Eu tive um sonho, quase uma visão. 
Eu era uma flor lilás que vivia no meio do jardim, rodeada de beleza e perfeição. 
Vistosa, porém delicada, chamava muita atenção. 
Num belo dia ensolarado, uma linda borboleta dourada pousou em minhas pétalas com precisão. 
Gozamos por um tempo essa troca generosa. 
Tinhamos uma relação íntima e gostosa. 
Éramos cúmplices, contemplávamos o tempo, o universo e tudo o mais.
Estávamos em pleno verão, foram momentos de pura paixão. 
Numa manhã de chuva, essa borboleta bateu asas e voou. 
Foi-se sem deixar explicação. 
Seu impulso para o alto (e avante) refletiu em mim como um empurrão, me desprendi do galho e caí no chão. 
Por sorte, caíra na grama alta, parecia um colchão. 
Chorei, mas fiquei sem nenhum arranhão. 
Pouco depois, uma fada madrinha que por ali passava sem pretensão, me viu sozinha, quase sem razão. 
Eu não queria a solidão... 
Ela me acolheu e sussurrou palavras encantadas na minha direção. 
Como em um passe de mágica me desfiz em lágrimas e vivenciei uma super sensação - juro que não é ficção: experimentei o amor e a união. 
Percebi o tamanho da criação e entendi que somos um grão. 
Hoje, integrada ao todo, faço minha flor brotar internamente nos demais seres do planeta. 
Promovo a conexão a partir da respiração. 
E agora, pergunto com convicção: já me achou dentro do seu coração?

sexta-feira, 8 de julho de 2016

A direção

Um dia entrei em um barco a remo, junto com um time de remadores e um capitão. Remei, remei, remei, seguindo seu rumo, sua direção. Surfei belas ondas, desviei de grandes pedras, trabalhei sob sol e chuva, um caminho quase insano. Mas, numa noite, quando já estávamos na metade do oceano, a tripulação decidira me jogar em mar aberto. Virara um peso extra. Fiquei arrasada, me senti uma desgraçada. Acatei sem soltar uma palavra. Me joguei no mar escuro, uma noite estrelada me recepcionou e uma luz me iluminou. Nadei, nadei, nadei, sozinha me salvei. Hoje construo meu próprio barco e remo na minha direção. O caminho do meio, do meio do peito, o do coração. Nele quem quiser pode entrar e sair, não precisa de permissão. No horizonte, ao longe, vejo aquele antigo barco. Noto que eles remam em círculos, sem nenhuma orientação.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Inconstitucional

Como alguém alada pode ser isolada?
Pára de voar para somente orbitar?
Preterida quando é preferida?
Como alguém estratégica some num passe de mágica?
Jogada para escanteio, embora no meio?
Como ignorar o golpe revoltante?
Respeitar o representante repugnante?
Essencial inteligência emocional para lidar com o inconstitucional.

Uma pena

uma pena os que ignoram a história. 
uma pena que não sintam a urgência da situação. 
uma pena que não escutam o clamor do povo. 
uma pena o desfecho inconstitucional anti-republicano. 
uma pena não me sentir representada. 
uma pena termos virado o leme para a direita sinistra e caucasiana. 
uma pena os discursos vazios e egoístas. 
uma pena que voa por aí.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

FAB_9

Amigas amadas
Amantes de toda uma vida
Aventuras incontáveis
Momentos compartilhados com
Amigas amadas

sexta-feira, 25 de março de 2016

Nota


Desfilo na Aldeota
Você não me nota
Isso parece chacota
Você não me nota
Enfiado nessa ilhota
Você não me nota
Mesmo que coloque minha xota
Em uma linda compota
Você não me nota, nota, seu idiota?

quarta-feira, 23 de março de 2016

Não nego
















Seu fogo, Nego, não nego
Sua presença me desconcentra
Senta do meu lado
Posso ensinar o que é bom
Um só som
Sussurro no ouvido:
- ai
Uma mordiscada
Para dar uma atiçada
Vem, pode dar uma roçada
Sua presença me desconcentra
Mas, seu fogo, Nego, não nego, não

terça-feira, 22 de março de 2016

Não antes de mim





Eu deixo
Você me desconstruir
Me despir
Eu deixo
Você agarrar
Me apertar
Eu deixo
Você penetrar
Até gozar
Mas não antes de mim